quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mãe Coragem

Em Agosto de 1952, nasceu uma menina perfeitamente normal, de seu nome Júlia. Até aos seus três anos teve uma infância como ou quase todas as outras crianças. Nasceu numa família onde já tinha cinco irmãos, felizmente ainda todos vivos, mas ainda veio mais um pupilo. Seu Pai, um Homem do mar e marés, desejava ter vinte filhos à mesa e todos do benfica, mas sua Mãe com tristeza minha e de todos nós, apenas teve os sete magníficos, todos eles com um papel muito importante na formaçao desta e seguintes gerações. Cresceram todos a saber partilhar e transmitir aos seus filhos e netos a mesma lição.
Por destino ou não, aos três anos, Júlia acordou um dia e tudo estava diferente e que iria marcar a sua vida para sempre. O seu andar não correspondia à vontade de correr pela casa onde sua avó nasceu e ainda lá vivia. O susto rondou a família nesse dia. Poliomielite; este vírus paralisou o lado esquerdo de Júlia. Numa família que vivia do sustento do Pai, tudo fez para que ela se curasse ou melhorasse as mazelas da doença.
Enquanto as crianças, nas férias do verão, passeavam e iam à praia, Júlia passava os dias quentes em camas de hospitais, pois acima de tudo, queria ser uma Mulher como todas as outras e conseguiu! Após muitas operações e marcas para toda a vida, ainda teve a coragem de, aos dezoito anos, por sua iniciativa, operar a sua perna boa, e encortá-la. Assim evitou usar pelo menos, os sapatos que raras são as pessoas que usam, e poder ter mais algumas alternativas na escolha destes. Seus pais tinham receio, mas ela mostrou o seu poder pelas palavras e actos.
Pode não ter corrido nunca mais, mas é a primeira a dançar numa discoteca e a ajudar os outros. Como nós, tem de subir uma cadeira para chegar a uma prateleira...
Nada a impediu de casar, nem mesmo uma sogra que achava que ela não seria uma mulher normal para o seu filho, e ter filhos, duas.
Toda a vida lutou contra preconceitos e por uma vida melhor, para si e sua família. Defende-a com muito orgulho todos os dias da sua vida, tal como o seu trabalho, embora por vezes não seja reconhecido.
Durante trinta e três anos trabalhou e lutou pela causa que acreditava, mas será que lhe serviu de alguma coisa?
Hoje foi um dos dias mais tristes da sua vida, depois de tanto sacrifício físico e mental, foi-lhe recusada a reforma por incapacidade.
Hoje, eu como a sua filha mais nova e que a Ama mais que nunca, choro porque não posso fazer mais que a confortar, dizer que a Amo e que tudo vai melhorar com recompensas futuras.
Mãe, a nossa vida vai melhorar, e todos os teus esforços, físicos, mentais, familiares e laborais vão virar em viagens que sonhas, livros não lidos, passeios de mão dada com o Pai, brincadeiras com os teus netos e muitos carinhos de todos nós que te Amamos muito e respeitamos, pela Mulher e Mãe fantástica que és! Obrigada por toda a educação e formação que me deste, por todo o Amor que me dás todos os dias, pelo apoio e dedicação, pelas palavras cantadas e ditas com olhares. És a Mulher que mais admiro e Amo todos os dias.